Isto não é uma peça jornalística. Nem pretende ser um comentário ao que vivi ao longo destes dias na prova realizada na fantástica pista da família France, que portugueses (e brasileiros) transformaram nas 24 Horas de... Camões. São umas linhas de quem completou mais um sonho: assistir, ao vivo, a uma vitória lusa em Daytona. E com isso “vinguei” Le Mans 2015, onde durante a noite cheguei a acreditar no triunfo de Filipe Albuquerque.
Não consigo explicar o que sofri, mesmo se tinha de me preocupar ainda mais com outro carro. Não pensem que os problemas de aquecimento no Cadillac #5 tiveram início apenas a 200 minutos do fim. Duravam há 7 horas, numa gestão complicada, para mais numa prova recorde de distância e de ausência de períodos de Safety-car e/ou FCY. Dispensado dos meus outros serviços, fui vestir a camisola Cadillac.
Sofri na pista, com Filipe a fazer o maior número de “lift and coast” que tenho memória numa corrida, mesmo contando com Le Mans 2015.
Na última meia hora sofri mais ainda boxes. Eu e toda uma equipa, do responsável máximo da Cadillac aos mecânicos, das famílias aos que, como eu, têm a sorte de chamar amigo aos vencedores de hoje. Pelo canto no olho ia vendo o que faziam Álvaro Parente e António Félix da Costa, autores de duas grandes corridas, pois um segundo lugar na super-aberta categoria GTD e um 5. posto da geral nas 24 Horas de Daytona têm de ser festejados.
Sofri... e depois explodi de alegria quando Filipe cortou a meta. Uma coisa interior, como se através deles vivesse um sonho. Há muitos anos, numa visita à pista, tinha estado no “antigo” Victory Lane e pensara a loucura que seria ver ali portugueses, de Portugal (já tinha visto um, da Califórnia). Assistir a uma festa destas sem ser pela televisão. Conseguir, no imediato, abraçá-los, parabenizá-los.
Quase não conseguia lá chegar, com a confusão. Mas “derrubei” barreiras. Todas. Como o João e o Filipe derrubaram outras, bem mais complicadas, que ao longo da vida se lhes foram estendendo pela frente.
Já o disse: esta vitória, sem saber bem porquê, também a sinto como minha (e desculpem o narcisismo). Sei que também é de três amigos que ao longo dos anos me fizeram descobrir (e por isso estarei para sempre agradecido) estes dois Seres Humanos incríveis. Nuno, Pedro e Paulo, esta também é Vossa. Vou um bocadinho mais longe - não deveria ser de todos os portugueses?!?
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João Raposo
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