Daniela
Lopes: “2021 foi um ano francamente positivo”
Acompanhada por Soraia Silva, a piloto do Citroen Saxo assinou
uma época em crescendo, coroada com o triunfo na Taça das Senhoras do 4º
Desafio Kumho Portugal, sendo ainda quartas nos X1 e melhor equipa feminina do
Campeonato Centro de Ralis.
Onde vão, não deixam ninguém indiferente. A forma
focada com que encaram a sua presença nos ralis, transformou Daniela Lopes e Soraia
Silva numa dupla que representa como poucas a crescente armada feminina nos ralis
em particular e no desporto motorizado em geral.
Integrando o plantel da
Teodósio Racing Academy, equipa apadrinhada pelo bicampeão nacional Ricardo Teodósio,
a dupla apostou nas provas de asfalto que integraram o Campeonato Centro de Ralis
2021 e fizeram parte ainda a “armada” Kumho, no desafio reservado às equipas
que utilizam os pneus coreanos.
O balanço, seguindo a
piloto, é “positivo, mas acredito que ainda há um longo percurso a
percorrer. Foi um ano de aprendizagem e de adaptação entre os 3 (piloto,
navegadora e carro). Fui colocando objetivos prova a prova, tanto a nível de
equipa como a nível pessoal e terminámos da forma que pretendia. Estou
consciente do potencial que temos e que há muito a melhorar, mas passo a passo,
e com os apoios necessários, acredito que consigamos”, afirmando ainda
que “2021 serviu para nos integrarmos, fazer a diferença, deixar os
nossos nomes na história dos ralis e, sobretudo, dignificar o voto de confiança
dos nossos patrocinadores”.
Como tal e levando em
linha de conta que, ao fazerem somente as provas de asfalto, estiverem presentes
em apenas 5 das 7 provas do CCR, Daniela Lopes considera que “Num ano tão
atípico, alcançar o 4º lugar do grupo X1 e termos sido a melhor Equipa
Feminina, foi francamente positivo”, juntando ainda a taça referente a
esse mesmo feito, mas nas contas do 4º Desafio Kumho Portugal.
O triunfo na competição
organizada pela ASR Tyres tem “como qualquer vitória, tem um significado
positivo! Sempre que nos confrontámos com outras equipas femininas, conseguimos
melhores registos e isso motivou-nos. É bastante importante a presença de mais
mulheres neste desporto, não só pela essência como também pela competitividade. Relativamente
ao Desafio Kumho foi certamente o melhor da época. Uma equipa que se preza pela
divulgação, pelo acompanhamento e apoio às equipas, no fundo pelo bom desporto.
Um agradecimento especial a todos pela magnífica dedicação, e que sirvam de
exemplo para outros promotores do desporto motorizado!”.
Quantos aos momentos mais
vincados de 2021, Daniela Lopes destaca pela positiva, “termos apostado numa
causa nobre e associámo-nos à Liga Portuguesa Contra o Cancro, o que para nós,
por motivos pessoais, foi uma força gigante e que muito engradeceu a nossa época.
No campo desportivo, destaco os ralis de Mesão Frio e de Resende. Deixaram uma
marca especial pelo sucesso da nossa prestação. Já o Rali do Vidreiro foi uma
prova que acabou por nos ficar na memória pelas dificuldades que vivemos no
primeiro dia e pela entreajuda e convívio que se manteve à posterior. No Rali
de Castelo Branco evivemos um episódio caricato, saída de estrada entenda-se,
mas que resultou no sucesso da divulgação dos nossos patrocinadores!”.
Mas como começou a
carreira de Daniela Lopes?
Já lá vai uma década e foi
em paragens bem diferentes dos ralis pois arrancou “nas provas de perícia.
Depois, em 2013 decidi alugar um Citroen Saxo para fazer o Rali de Castelo
Branco, com um único princípio: constituir uma equipa feminina. O rali superou
as expectativas, visto que era uma estreia para piloto e navegadora, e eu nunca
tinha tido qualquer contacto com um carro de competição. Apesar de algumas
adversidades, foi uma prova muito positiva pois acabámos bem classificadas e
marcou a minha estreia neste desporto de eleição que acompanho desde criança.
Na altura tínhamos um carro semelhante ao que alugámos e aproveitámos para o
transformar para provas futuras. É o carro que mantemos ainda hoje”.
O ano seguinte marcou nova
estreia. Desta feita na baquet do lado direito. Mas a paixão estava mesmo no
lugar atrás do volante e, como tal, Daniela Lopes foi fazendo “algumas
provas em várias vertentes e em 2019, venci um troféu realizado na Beira Baixa,
na vertente de Regularidade Histórica”.
No arranque da década que
agora vivemos, a piloto considerou que tinha chegado a hora de “apostar
num projeto com fundamento e objetivos bem definidos. Já tinha acompanhado o
Campeonato Regional nesse mesmo ano de 2020 e foi mais fácil planear a
estratégia a aplicar. Não gosto de ideias preconcebidas, por isso mantive o princípio
da estreia, apostando em integrar uma equipa totalmente feminina e, como tal,
procurei a pessoa que considerei com o perfil indicado para me acompanhar, tendo
encontrado a Soraia Silva e estamos cada vez mais entrosadas. Aposta mais do
que ganha!”.
Daniela e Soraia são dois
bons exemplos da cada vez maior presença das mulheres no desporto automóvel
nacional e a piloto sente “muito orgulho e enorme satisfação por causa desta
mudança de panorama. Para além de ter orgulho em ser mulher, tenho orgulho em
fazer parte desta mudança. Acredito que aos poucos conseguimos integrar-nos e
mudar mentalidades. Para além de mulheres, esposas, donas de casa e trabalhadoras,
muitas de nós ainda são mães! Este conjunto tem tanto de bom como de exigente.
E conciliar todas estas profissões com esta carreira amadora desportiva é
exageradamente desafiante!”.
Mas, não deixa de também
realçar que “depois do capacete colocado não há género. Estou consciente
que apesar de querermos ser iguais, há muitas diferenças, mas tudo depende tudo
da nossa mentalidade e força de vontade.
Espero que 2022 seja o ponto de partida ou de regresso para mais mulheres
que queiram sair da sua zona de conforto, fazer o que gostam e sobretudo,
viver!”.
E nesta época que agora dá
os seus primeiros passos, a saga de Daniela Lopes, Soraia Silva e do Citroen
Saxo continuará com ambição: “vamos apostar no Campeonato Start Centro de
Ralis e no 5º Desafio Kumho Portugal. Obviamente que o principal objetivo é
continuar esta aprendizagem e alcançar, no mínimo, os mesmos patamares que
conseguimos em 2021. Estamos ainda a definir estratégias e a reunir apoios. Procuramos
marcas portuguesas que tal como nós, queiram primar pela diferença, apostando
de forma dinâmica nas mulheres integradas num desporto que é maioritariamente
dos homens”.
Uma coisa é certa. Pela
seriedade, empenho e talento que Daniela Lopes e a sua navegadora Soraia Silva
colocam na carreira, bem merecem uma aposta. Patrocinadores atentos
precisam-se!
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João Raposo
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