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CAMPEONATO PORTUGAL RALIS - DANIELA LOPES FAZ BALANÇO DA ÉPOCA DE 2021

Terça, 15 Fevereiro 2022 07:03 | Actualizado em Quinta, 28 Março 2024 02:20

Daniela Lopes: “2021 foi um ano francamente positivo”

 

Acompanhada por Soraia Silva, a piloto do Citroen Saxo assinou uma época em crescendo, coroada com o triunfo na Taça das Senhoras do 4º Desafio Kumho Portugal, sendo ainda quartas nos X1 e melhor equipa feminina do Campeonato Centro de Ralis.

 

Onde vão, não deixam ninguém indiferente. A forma focada com que encaram a sua presença nos ralis, transformou Daniela Lopes e Soraia Silva numa dupla que representa como poucas a crescente armada feminina nos ralis em particular e no desporto motorizado em geral.

Integrando o plantel da Teodósio Racing Academy, equipa apadrinhada pelo bicampeão nacional Ricardo Teodósio, a dupla apostou nas provas de asfalto que integraram o Campeonato Centro de Ralis 2021 e fizeram parte ainda a “armada” Kumho, no desafio reservado às equipas que utilizam os pneus coreanos.

O balanço, seguindo a piloto, é “positivo, mas acredito que ainda há um longo percurso a percorrer. Foi um ano de aprendizagem e de adaptação entre os 3 (piloto, navegadora e carro). Fui colocando objetivos prova a prova, tanto a nível de equipa como a nível pessoal e terminámos da forma que pretendia. Estou consciente do potencial que temos e que há muito a melhorar, mas passo a passo, e com os apoios necessários, acredito que consigamos”, afirmando ainda que “2021 serviu para nos integrarmos, fazer a diferença, deixar os nossos nomes na história dos ralis e, sobretudo, dignificar o voto de confiança dos nossos patrocinadores”.

Como tal e levando em linha de conta que, ao fazerem somente as provas de asfalto, estiverem presentes em apenas 5 das 7 provas do CCR, Daniela Lopes considera que “Num ano tão atípico, alcançar o 4º lugar do grupo X1 e termos sido a melhor Equipa Feminina, foi francamente positivo”, juntando ainda a taça referente a esse mesmo feito, mas nas contas do 4º Desafio Kumho Portugal.

O triunfo na competição organizada pela ASR Tyres tem “como qualquer vitória, tem um significado positivo! Sempre que nos confrontámos com outras equipas femininas, conseguimos melhores registos e isso motivou-nos. É bastante importante a presença de mais mulheres neste desporto, não só pela essência como também pela competitividade.   Relativamente ao Desafio Kumho foi certamente o melhor da época. Uma equipa que se preza pela divulgação, pelo acompanhamento e apoio às equipas, no fundo pelo bom desporto. Um agradecimento especial a todos pela magnífica dedicação, e que sirvam de exemplo para outros promotores do desporto motorizado!”.

Quantos aos momentos mais vincados de 2021, Daniela Lopes destaca pela positiva, “termos apostado numa causa nobre e associámo-nos à Liga Portuguesa Contra o Cancro, o que para nós, por motivos pessoais, foi uma força gigante e que muito engradeceu a nossa época. No campo desportivo, destaco os ralis de Mesão Frio e de Resende. Deixaram uma marca especial pelo sucesso da nossa prestação. Já o Rali do Vidreiro foi uma prova que acabou por nos ficar na memória pelas dificuldades que vivemos no primeiro dia e pela entreajuda e convívio que se manteve à posterior. No Rali de Castelo Branco evivemos um episódio caricato, saída de estrada entenda-se, mas que resultou no sucesso da divulgação dos nossos patrocinadores!”.

Mas como começou a carreira de Daniela Lopes?

Já lá vai uma década e foi em paragens bem diferentes dos ralis pois arrancou “nas provas de perícia. Depois, em 2013 decidi alugar um Citroen Saxo para fazer o Rali de Castelo Branco, com um único princípio: constituir uma equipa feminina. O rali superou as expectativas, visto que era uma estreia para piloto e navegadora, e eu nunca tinha tido qualquer contacto com um carro de competição. Apesar de algumas adversidades, foi uma prova muito positiva pois acabámos bem classificadas e marcou a minha estreia neste desporto de eleição que acompanho desde criança. Na altura tínhamos um carro semelhante ao que alugámos e aproveitámos para o transformar para provas futuras. É o carro que mantemos ainda hoje”.

O ano seguinte marcou nova estreia. Desta feita na baquet do lado direito. Mas a paixão estava mesmo no lugar atrás do volante e, como tal, Daniela Lopes foi fazendo “algumas provas em várias vertentes e em 2019, venci um troféu realizado na Beira Baixa, na vertente de Regularidade Histórica”.

No arranque da década que agora vivemos, a piloto considerou que tinha chegado a hora de “apostar num projeto com fundamento e objetivos bem definidos. Já tinha acompanhado o Campeonato Regional nesse mesmo ano de 2020 e foi mais fácil planear a estratégia a aplicar. Não gosto de ideias preconcebidas, por isso mantive o princípio da estreia, apostando em integrar uma equipa totalmente feminina e, como tal, procurei a pessoa que considerei com o perfil indicado para me acompanhar, tendo encontrado a Soraia Silva e estamos cada vez mais entrosadas. Aposta mais do que ganha!”.

Daniela e Soraia são dois bons exemplos da cada vez maior presença das mulheres no desporto automóvel nacional e a piloto sente “muito orgulho e enorme satisfação por causa desta mudança de panorama. Para além de ter orgulho em ser mulher, tenho orgulho em fazer parte desta mudança. Acredito que aos poucos conseguimos integrar-nos e mudar mentalidades. Para além de mulheres, esposas, donas de casa e trabalhadoras, muitas de nós ainda são mães! Este conjunto tem tanto de bom como de exigente. E conciliar todas estas profissões com esta carreira amadora desportiva é exageradamente desafiante!”.

Mas, não deixa de também realçar que “depois do capacete colocado não há género. Estou consciente que apesar de querermos ser iguais, há muitas diferenças, mas tudo depende tudo da nossa mentalidade e força de vontade.  Espero que 2022 seja o ponto de partida ou de regresso para mais mulheres que queiram sair da sua zona de conforto, fazer o que gostam e sobretudo, viver!”.

E nesta época que agora dá os seus primeiros passos, a saga de Daniela Lopes, Soraia Silva e do Citroen Saxo continuará com ambição: “vamos apostar no Campeonato Start Centro de Ralis e no 5º Desafio Kumho Portugal. Obviamente que o principal objetivo é continuar esta aprendizagem e alcançar, no mínimo, os mesmos patamares que conseguimos em 2021. Estamos ainda a definir estratégias e a reunir apoios. Procuramos marcas portuguesas que tal como nós, queiram primar pela diferença, apostando de forma dinâmica nas mulheres integradas num desporto que é maioritariamente dos homens”.

Uma coisa é certa. Pela seriedade, empenho e talento que Daniela Lopes e a sua navegadora Soraia Silva colocam na carreira, bem merecem uma aposta. Patrocinadores atentos precisam-se!

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