Franceses (e muito público)
foram os reis da festa em Fronteira
A fórmula repete-se
desde 1998. A beleza natural do Alto Alentejo e os 16,4 quilómetros do
Terródromo de Fronteira são o palco ideal para a mais importante
prova de todo terreno de resistência disputada na Europa. Na 24.ª edição, a BP
Ultimate 24 Horas TT Vila de Fronteira voltou a ser um enorme sucesso
popular e desportivo, confirmando o estatuto ímpar da prova organizada pelo
Automóvel Club de Portugal. Largos milhares de espetadores proporcionaram um
ambiente difícil de traduzir em palavras, numa vila alentejana engalanada para
receber mais de 300 pilotos de diferentes nacionalidades.
No plano desportivo, o francês
Laurent Poletti repetiu o triunfo de 2005, conseguindo a melhor
combinação de velocidade e resistência ao volante do protótipo MMP, partilhado
com Franck Cuisinier, Ronald Basso e Adrien Favarel. O
português Marco Pereira conseguiu o segundo lugar com um Can-Am da
categoria T3, integrado na formação do belga Sébastien Guyette, que
também incluiu Antoine Vitse e Olivier Devos. A
Toyota Hilux da família Reis também subiu ao pódio de Fronteira, com
Avelino Reis, Tiago Reis, Edgar Reis e Daniel Silva.
Foram 1.440 minutos de luta contra o cronómetro,
mas também contra os limites de homens e de máquinas, uma prova de superação que celebra o genuíno espírito do TT há
quase um quarto de século. Em termos competitivos, quatro equipas passaram pelo
comando da prova, e mais uma vez, os competitivos SSV da categoria T3
voltaram a incomodar os convencionais protótipos construídos em França,
especificamente desenvolvidos para provas de TT de resistência.
Hegemonia quebrada
Desde 2010 que uma equipa 100% portuguesa não sobe ao lugar mais alto do
pódio. A edição deste ano não foi exceção, apesar dessa esperança ainda ter
sido alimentada na fase inicial da corrida, quando a família Reis, liderada
pelo ex-campeão nacional Tiago Reis, assumiu o comando do extenso pelotão de 65
concorrentes, ao volante da Toyota Hilux.
Mas quando o protótipo MMP X4 Turbo da equipa
de Poletti, Cuisinier, Basso e Favarel assumiu o comando,
sensivelmente a meio da corrida, começou a ficar evidente que só um problema
grave os destronaria da liderança, até pelo facto dos grandes favoritos, a
equipa luso-francesa liderada pela família Andrade, ter sofrido problemas no
motor do Proto AC Nissan, falhando a nona vitória (quarta consecutiva) em
Fronteira.
“Foi uma corrida muito boa e o carro esteve simplesmente
perfeito, sem registar um único problema. Parabéns à MMP", afirmou Laurent Poletti, que já
participou 16 vezes nas 24 Horas TT de Fronteira. “Estou muito feliz
com esta vitória, que já procurava há muito tempo. A prova de Fronteira é
sempre especial. A pista é espetacular e muito dura, e a organização é
sempre excecional”, destacou o piloto francês.
O Can-Am de Sébastien
Guyette aproveitou a fase noturna e o início da manhã para consolidar o
segundo lugar, terminando a quatro voltas dos vencedores... e com um estreante
português em destaque. “Nunca tinha feito as 24 Horas, apenas as 4 Horas
SSV, por isso é um resultado de sonho”, apontou Marco Pereira, que foi
convidado por Guyette para integrar a equipa belga. “A noite foi difícil
para mim, nunca tinha corrido à noite. Mas durante o dia desfrutei bastante, a
pista estava espetacular, o tempo também esteve ótimo, por isso foi perfeito”,
afirmou Marco Pereira, que venceu a categoria T3.
Uma família feliz
A família Reis conseguiu a melhor volta da corrida – em
9m46,070s, menos sete segundos do que a melhor volta dos vencedores -, mas a
velocidade não é tudo em Fronteira e a equipa de Famalicão terminou no
derradeiro lugar do pódio. “Correu muito bem, mas tivemos alguns azares pelo
meio, infelizmente. À sexta volta, o carro começou a falhar depois de passar a
ribeira, depois tivemos problemas com a caixa de direção durante a noite. Mas
estamos contentes. Um pódio em Fronteira é sempre muito bom e fazê-lo em
família é ainda mais importante. O meu pai é que impulsiona sempre esta prova,
por isso, este pódio é dele", dedicou Tiago Reis.
O quarto lugar ficou para outra equipa
totalmente portuguesa, formada por Amândio Alves, João Silva, Rogério Reis e
Márcio Reis, com mais um protótipo da francesa MMP. O top 5 em Fronteira ficou
completo com o Can-Am de Jorge Cardoso, Marco Cardoso, Alexandre Cardoso e
João Oliveira.
Na categoria Promoção C, a vitória sorriu ao SEAT de Ismael Margarido,
André Serrano, Filipe Galveias e Dino Canha, o mesmo acontecendo na Promoção A
ao Suzuki Vitara de Joaquim Seiça, Paulo Soares, Luís Pedro Alves e
Gonçalo Fernandes, e na Promoção B ao Citroën AX de Manuel Barreto,
Rodrigo Daniel, Hugo Batista e João Paulo Oliveira.
O triunfo nos T2 ficou para os
belgas Pieter Backere, Julien Demuynck, Pieter Cracco e
Steve Backere (Isuzu D-Max), enquanto nos SSV do grupo T4, os
vencedores foram Pascal Rollet, Delphine Crosse
e Christophe Girard, num Can-Am.
Outros vencedores
Carla Gameiro, Cristela Marto, Paula Marto e Sílvia Reis formaram a
equipa que arrecadou o troféu feminino, na segunda participação ao volante
do Suzuky Jimny. Mas na aventura de Fronteira todos são vencedores,
incluindo carros tão carismáticos como a Peugeot 504 Pick-up de Joaquim Serrão,
que percorreu mais de 850 quilómetros (52 voltas), ou a Renault 4L de Samuel
Lima, que também terminou a prova após duros 770 quilómetros
no Terródromo de Fronteira. Uma festa de todos e para todos.
Santinho Mendes vence nas 4 Horas, Miguel Oliveira juntou-se
à festa
No sábado, a BP Ultimate 4 Horas SSV Vila de Fronteira
consagrou Pedro Santinho Mendes, sobrinho do pluricampeão nacional
Santinho Mendes. O piloto do Can-Am estreou-se a vencer na maratona
dos SSV, na frente da dupla
Wilson Galo/Gonçalo Guerreiro (Can-Am) e do ex-campeão nacional João
Monteiro (Can-Am).
Miguel Oliveira, o herói nacional do
MotoGP, fez questão de regressar à prova do ACP e terminou no 26.º lugar, num
Can-Am partilhado com pai, Paulo Oliveira.
Maratona responsável
A responsabilidade ambiental é, cada vez mais, uma aposta prioritária
para a organização da prova. O ACP, o Município de Fronteira e a empresa Valnor voltaram,
este ano, a implementar um plano ambiental para minimizar a pegada ecológica do
evento. Uma das medidas, ao abrigo do programa Eco Eventos, da Valnor, atribuiu um valor monetário por cada kg de resíduos (embalagens de
plástico, papel e vidro) recolhido durante o evento, um valor que será entregue
aos Bombeiros Voluntários de Fronteira. Ao longo do fim de semana,
multiplicaram-se os pontos de recolha nas zonas espetáculo, de camping, no
parque de assistência, na zona de restauração e em todos os espaços da
organização. Porque há corridas que todos temos de ganhar
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João Raposo
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