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MUNDIAL - DAKAR 2019 - EUROSPORT TODOS OS DIAS COM JOÃO CARLOS COSTA - COMENTADOR EUROSPORT

Domingo, 06 Janeiro 2019 22:00 | Actualizado em Segunda, 15 Abril 2024 13:12

ARRANCA hoje o “Dakar” 2019, que o Eurosport 1 irá acompanhar diariamente até dia 18, sempre às 22h00. Tempo de apresentações e da minha habitual aposta no Top 10 de carros e motos (top 5 para as restantes categorias).

PRATO ÚNICO - PERU RECHEADO!

Começo, no entanto, com um olhar sobre o percurso desta 41 ª edição da prova, que completa assim quatro décadas de existência. Esta é a décima viagem por terras da América do Sul, talvez a última, com a Arábia Saudita, quem sabe a Argélia, no horizonte. Um evento único na história da “aventura extrema de Thierry Sabine”, pois pela primeira vez realiza-se num só país. Com as mudanças políticas no Chile, a crise económica na Argentina e a falta de entendimento com Ivo Morales para a manutenção da Bolívia, a ASO acabou por ficar apenas (e tardiamente) com o apoio do Peru. Não teve outra solução se não “depenar o bicho” da melhor maneira, juntando-lhe um “recheio” bem saboroso. Pelo menos assim parece antes de ser “esquartejado”...
Étienne Lavigne, que volta a acumular as funções de Director-Geral e Director Desportivo face à saída de Marc Coma (o director de prova e os comissários desportivos são nomeados pela FIA), pediu a Tiziano Siviero (ex-navegador de Miki Biasion) para fazer uma versão reforçada do tão gabado percurso peruano do “Dakar” 2018. Mesmo sendo o Peru tão grande quanto Portugal, Espanha e França juntos, optou-se apenas por usar a zona sul do país, com uma viagem ida e volta de e até, Lima. Teremos assim a mesma cidade de partida e chegada, tal como aconteceu em 1994, 1997, 2009, 2010, 2011 e 2015. A zona a norte da capital podia ter sido uma opção, mas tem muitos mais locais protegidos e está muito exposta às chuvas nesta altura do ano.
Feitas as contas, o “Dakar” 2019 tem a menor quilometragem total (aproximadamente 5600 km) e de troços cronometrados (quase 3000 km) de sempre. No fundo, pode ser o início de uma nova Era, com a maior competição TT do Mundo a diminuir número de dias e a quilometragem, para satisfazer novos "públicos".
Serão menos 30 por cento que na edição anterior. Mas desses, 70 por cento passam por pisos de areia e dunas, a essência mágica que faz sonhar com o “Dakar”. Pessoalmente, considero que falta a mescla de terrenos, até de paisagens, que têm sido um dos pontos altos da América do Sul. Agora em termos competitivos estão reunidos (pelo menos no papel) todos os condimentos para um enorme rali. As pistas são idênticas às da primeira semana da edição anterior, que mereceu o enorme aplauso de todos pelas dificuldades quase únicas que apresentou.
O desafio ao longo das 10 etapas será enorme. Muita areia, muitas zonas de montanhas dunares. Será preciso uma enorme forma física, conhecer bem as técnicas de ultrapassar dunas (pressão de pneus e zona de “ataque” ideais) e ser muito forte em navegação. Todos os dias terão grandes dificuldades para resolver e não haverá as habituais etapas de transição.
Tacticamente, será também um “Dakar” diferente. Não haverá espaço temporal para jogos defensivos, havendo menos de três mil quilómetros de sectores selectivos, no total dos 10 troços que variam entre os 84 km (1ª etapa) e os 450 km (5ª etapa). Por isso, os candidatos aos triunfos andarão quase sempre no “fio da navalha”. No entanto, é preciso encontrar um bom compromisso entre andamento (muito) rápido e o evitar erros. Como o tipo de terreno pode ser mais condescendente com a mecânica, favorece a vontade de andar mais veloz. Feitas as contas, como muitas vezes acontece no “Dakar”, o triunfo pode ir parar a quem passar por menos dificuldades... e os que tiverem as melhores estruturas para que o carro esteja perfeito a cada manhã. As assistências estarão menos cansadas por longas viagens, havendo apenas quatro bivouac diferentes. Já aos concorrentes são apresentados alguns desafios de bela monta. Por exemplo, as tiradas maratona (4º e 5ª) com bivouac mínimo em Tacna, exactamente as duas antes do dia de descanso em Arequipa. Mas há mais novidades: na 2ª etapa os carros partem na frente das motos; na 8ª, conhecida como Super-Ica, os 10 melhores carros, as 10 melhores motos e os 5 melhores camiões arrancam misturados na frente; nas 5ª (dunas de Ilo) e 9ª (praia de Pisco) haverá partida em grupo de carros e moto. Apenas duas etapas terão percurso diferente para carros e motos (a antes e a depois do dia de descanso), fazendo com que os “4 rodas” tenham mais 78 km contra o cronómetro.
A lista de inscritos é a maior dos últimos três anos, com 334 concorrentes no total - 167 motos/quads, 126 carros/SxS, 41 camiões. O “Dakar” continua a ser a prova de eleição no TT. Tem o dobro de inscritos do Rali de Marrocos, a segunda prova mais concorrida. A Africa Eco Race fica-se quase por um quarto (90 este ano). Estão representadas 61 nacionalidades, com destaque para a presença de 18 portugueses, em todas as categorias, menos nos quad. É o maior contingente luso desde as edições com partida em Lisboa. Paulo Gonçalves (Honda), Joaquim Rodrigues Jr. (Hero), Mário Patrão (KTM), David Megre (KTM), Fausto Mota (Yamaha), Hugo Lopes (KTM), António Maio (Yamaha), Sebastian Bühler (KTM) e Miguel Caetano (KTM) competem nas motos. Nos carros, teremos Pedro Mello Breyner, num Yamaha-Alta Ruta 4x4 Peru, navegado pelo peruano Juan Godoy. Filipe Palmeiro estará outra vez como navegador do chileno Boris Garafulic (Mini). Na categoria de SxS foi a escolhida por Miguel Jordão (CanAm), navegado pelo brasileiro Lourival Roldan, enquanto o ex-campeão nacional de TT, Ricardo Porém, cumpre um sonho antigo também com CanAm, com Jorge Monteiro ao lado. Bruno Martins e Rui Ferreira estarão presentes com um CanAm X3 UTV. Nos camiões, José Martins volta a guiar um DAF, na companhia do francês Jean-Jacques Martínez e do espanhol Jordi Obiols, enquanto Paulo Fiúza será o navegador do espanhol Alberto Herrero (MAN). Há ainda um recorde de concorrentes femininas em edições sul-americanas (17).
Agora que comece a acção porque a “fita” promete muito e em todas as cinco categorias – Carros, Motos, Camiões, Quads e SxS. Apontar um vencedor em cada uma delas é ainda mais difícil que escalar (e depois descer) as dunas do deserto peruano. Acredito mesmo que se venha a assistir a uma fantástica montanha-russa, com sobe e desce diários. E não é isso que desejamos sempre no “Dakar”, seja onde for?

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