De Lima desci a Pan Americana para Sul, junto à costa através do deserto. Voltei a atropelar um enxame de insectos. São centenas que vêm juntos e se esmagam contra a carenagem, viseira da moto e capacete, deixando-os num estado miserável de sujo.
Sai da Estrada em Cerro Azul para ir até um dos restaurantes da praia. Com muito poucos cientes nesta altura do ano uma menina com a ementa na mão parou-me no meio da estrada, com a colega do restaurante seguinte a fazer-me sinal para avançar mais vinte metros. Abriu o cardápio e sugeriu-me vários pratos. Quando lhe disse que achava os preços caros fez um desconto imediato, ainda na faixa de rodagem e com o motor da Cross Tourer a trabalhar.
Por acaso estava optimo, o arroz de camarão. Continuei depois para Sul até um oásis no meio de gigantescas dunas, Huacachina.
Cheguei pelas cinco da tarde e o homem de um Hostal fez-me sinal para ir até lá. Junto estava um vendedor de passeios de buggy pelas dunas a anunciar-me que o ultimo do dia partia dentro de 15 minutos. Deixei mala e capacete no Hotel, enfiei uns jeans e entrei no Buggy que já me esperava à porta. São carros fabricados artesanalmente com chassis tubulares, tracção às quatro rodas e motores V8 americanos. Uns aranhiços muito rudimentares com várias filas de bancos para fazerem a viagem render.
Subimos e descemos dunas, e paramos para tirar fotografias. “Tomar” como me explicou uma miúda peruana quando lhe pedi para me tirar uma fotografia. No peru tirar parece que envolve actividade sexual. Não sei qual mas riram-se as duas quando eu lhes fiz o pedido e enquanto uma me tirava fotografias a mais atrevida dizia-lhe: “tira-lo, tira-lo”.
Depois o condutor tira umas pranchas de “snowboard” da parte de trás do buggy e divertimo-nos a descer as dunas deitados nas pranchas. Já anoitecia quando voltamos ao Oasis. No dia seguinte rodei apenas cerca de cem quilómetros até Nazca. A curiosidade perto desta vila são uns desenhos, alguns com mais de 2000 anos, gravados no deserto. No século XVI já tinham sido detectados mas na altura pensaram tratar-se de marcas de trajectos e só em 1927 um arqueólogo peruano percebeu o que ali estava. Em 1994 foram classificados Património da Humanidade pela Unesco. Alguns têm centenas de metros. A maior curiosidade e que tem levantado mais controvérsia acaba por ser o desenho do que parece como imaginamos um extra terrestre, gravado na rocha há mais de 2000 anos. Chamam-lhe o astronauta embora os cientistas mais terra a terra pensem tratar-se de um pescador.
Vi os primeiros desenhos quando, no meio de uma grande recta no deserto deparei com uma torre de vigia, construída para o efeito. Subi os três andares e pude observar dois dos desenhos. Mas, a melhor forma de os ver é do ar.
Será que os seus autores queriam impressionar os Deuses em que acreditavam ou viram, realmente, um extra terrestre e era para eles que desenhavam?
Para observar melhor estes extraordinários desenhos aluguei um lugar numa pequena avioneta e acompanhei três alemães num passeio de 45 minutos pelos céus de Nazca, com o piloto da trotineta a inclinar o bicho para um e outro lado, por cima dos desenhos, para que todos os pudéssemos observar. Muito interessante.