COMÉRCIO&INDUSTRIA - PEUGEOT 9X8
Segunda, 09 Maio 2022 16:11 | Actualizado em Terça, 21 Novembro 2023 02:40
PEUGEOT 9X8: As origens de um projeto virtual composto por 15.267 ficheiros digitais.
- Software de última geração deu origem ao Hypercar da PEUGEOT
- Um conceito disruptivo validado e afinado através de tecnologia digital
- As suas performances foram simuladas muito antes da entrada em pista
- Poupança de tempo e utilização otimizada de recursos
- PEUGEOT 9X8: As origens de um projeto virtual composto
por 15.267 ficheiros digitais
• Software de última geração deu origem ao Hypercar da PEUGEOT
• Um conceito disruptivo validado e afinado através de tecnologia digital
• As suas performances foram simuladas muito antes da entrada em pista
• Poupança de tempo e utilização otimizada de recursos
Antes da entrada em pista, para as sessões de testes preparativos para a sua homologação, o
Hypercar híbrido PEUGEOT 9X8 começou o seu desenvolvimento como um projeto digital de 51,1
gigabytes, composto por 15.267 ficheiros contidos num disco rígido.
A tecnologia digital abriu um novo campo de possibilidades no domínio do automobilismo,
permitindo aos engenheiros da PEUGEOT Sport imaginar um concept realmente disruptivo para o
seu 9X8 Hypercar que abdicava de uma asa traseira, conceito totalmente diferente da concorrência,
e validá-lo bem antes de ter sido produzida uma única peça.
A tecnologia digital atual permite realizar estudos tecnológicos aprofundados, ao mesmo tempo que
se alcançam poupanças substanciais em termos de tempo, dinheiro e recursos. Muito antes de fazer
as suas primeiras voltas em pista, o PEUGEOT 9X8 Hypercar começou por ter uma existência
puramente virtual. Ao longo de dois anos, as equipas da PEUGEOT Sport trabalharam na sua
modelação, contando não só com o software existente, por vezes adaptado às especificidades do
projeto, mas também com programas informáticos inteiramente desenvolvidos in house, a partir de
uma folha em branco. "Um dos nossos pontos fortes é sermos capazes de criar as ferramentas que
moldam o design técnico das peças de que necessitamos", sublinha François Coudrain, Diretor de
Powertrain do Programa WEC da PEUGEOT Sport.
O digital ao serviço da inventividade
Várias dezenas de pessoas participaram no projeto digital “PEUGEOT 9X8”. Génios informáticos,
"engenheiros de performance" e engenheiros de competição, todos centrados no mesmo objetivo:
atingir as alturas do mundo da Endurance. Para alcançar o melhor resultado, o departamento de
engenharia segue sempre o mesmo procedimento:
• Uma leitura muito aprofundada do regulamento permite compreender o que é ou não permitido
e, acima de tudo, começar a imaginar o que é possível fazer-se.
• A criação do caderno de encargos: formalizar as necessidades e os objetivos de performance a
atingir no contexto do regulamento, processo depois detalhado em várias especificações
interrelacionadas.
• Pressupostos de arquitetura: com base nas especificações gerais, os engenheiros encarregues
da criação da viatura imaginam diferentes conceitos. É aqui que se expressa a inventividade dos
engenheiros da PEUGEOT Sport e dos designers do Estilo PEUGEOT, associados desde o início
com a criação do 9X8. Na verdade, independentemente do seu desempenho, o digital não pode
substituir a criação, pelo que um programa como o do 9X8 é, acima de tudo, uma grande
aventura humana. Os conceitos mais promissores são digitalizados e o respetivo desempenho
destes candidatos digitais é depois avaliado, para no final se escolher apenas um deles.
• Simulação de CFD (Computationnal Fluid Dynamics): mais utilizada no domínio aerodinâmico, a
simulação CFD funciona como referência no escoamento de fluidos, tendo em conta fenómenos
físicos ou químicos, como a turbulência e a excitação térmica.
"Graças ao conjunto dos nossos programas informáticos, podemos abarcar todo o tipo de dimensões,
formas, materiais, trabalhar o peso de acordo com os regulamentos técnicos, etc.", explica François
Coudrain. "Tal como acontece com a escolha do conceito base, este trabalho puramente digital em
sistemas ou peças permite testar um grande número de soluções, algo impossível de conseguir com
peças físicas. Antes de entrar em pista, o nosso Hypercar manteve-se, durante muito tempo, um projeto
contido num disco rígido. Cada um dos seus 15.267 ficheiros representava uma das suas peças, com uma
particularidade: graças à tecnologia digital, a nossa força de simulação, que também permite avaliar as
interações entre as peças e os diferentes sistemas, sabíamos antecipadamente o desempenho teórico
de toda a viatura. O trabalho de validação física só começa muito mais tarde, com o carro no circuito."
Jean-Marc Finot, Diretor da Stellantis Motorsport, conclui: "A inteligência artificial é uma ferramenta
essencial para o processamento dos milhões de dados contidos num carro de corrida. As nossas
aplicações de processamento de ‘big data’ possibilitam a simulação de um grande número de hipóteses,
ou a necessidade de adaptar o desenho das peças, até que se convirjam no valor-alvo. Só depois de
definirmos as características e simularmos o seu desempenho em diferentes universos, através de uma
viatura totalmente modelada, é que começamos a fabricar as peças."
Da secção transversal de cablagens aos motores de drones
Alguns dados não requerem qualquer investigação especial sobre a natureza dos materiais, a forma
ou o número de peças. Por exemplo, a coque é sempre concebida em carbono, o motor de alumínio,
e as rodas são quatro, etc. Mas a tecnologia digital permite trabalhar no dimensionamento e
simulação do comportamento dos elementos constituintes essenciais.
Por exemplo, enquanto o PEUGEOT 9X8 beneficia de uma tripla arquitetura elétrica (bateria de 900V,
componentes em 48V e 12V), a tecnologia digital permitiu compreender o seu ambiente
eletromagnético e trabalhar na dimensão. Faltava desenvolver a associação íntima entre as peças
físicas e a parte informática, de modo a evitar as interferências, ao máximo. Uma questão
importante, que apenas poderia ser abordada com a ajuda do mundo digital. Desta forma,
conseguiu-se apurar que era preferível utilizar feixes elétricos de secção mais pequena em 48V do
que em 12V, algo que também representa uma poupança de espaço e de peso, para além de
melhorar a compatibilidade entre as vigas e os calculadores/computadores.
Outras peças, escolhidas do armazém da Stellantis Sport ou decorrentes de produtos tecnológicos
de consumo, por vezes integram-se muito bem sem a necessidade de alterações. É o chamado
engenho do rigor! Por exemplo, alguns motores de 48V no 9X8 provêm diretamente dos drones. É
claro que a sua eficácia no dispositivo foi simulada e validada graças a um software dedicado, mas
não necessitaram de quaisquer alterações estruturais.
As simulações digitais também possibilitam a adaptação de opções como, por exemplo, as relativas
ao material em torno das saídas de escape. Neste capítulo, o calor é muito elevado, tendo as
simulações permitido compreender que o carbono da carroçaria deveria ser protegido ou substituído
ou por alumínio ou por titânio, um ponto de atenção identificado a partir do caderno de encargos,
depois confirmado nas simulações, e finalmente por ocasião dos primeiros testes em pista.
No final do seu desenvolvimento digital, o disco rígido que continha todos os dados técnicos do
PEUGEOT 9X8 deu origem a um modelo à escala real, destinado ao túnel de vento, surgindo depois
um verdadeiro carro de corrida, entretanto utilizado no desenvolvimento em pista.