HOJE CONVERSAMOS
ANDRÉ CASTRO PINHEIRO FALA-NOS DO JAGUAR XJS
È sem dúvida alguma um dos carros clássicos mais bonito que temos a correr em Portugal, e tudo isto
deve-se à coragem e à paixão de André Castro Pinheiro pela máquina de
origem britânica, ressuscitando assim um XJS, um carro que fez furor no passado
com a preparação de Tom Walkinshaw. Uma máquina deste calibre, tem muito que se
lhe diga, e na nossa conversa com o seu piloto, pedimos para nos fazer um
balanço daquilo que foi a época de 2020, o que logo o nosso entrevista
disse-nos “ Foi
uma época atípica, com muitas incertezas, adiamentos e cancelamentos de provas.
Também desisti em duas provas e não consegui ir a Jerez de la Frontera, pelo
que é uma época para esquecer”. A opção por provas de pista, tem segundo André Castro
Pinheiro uma razão como nos disse
logo” bem, é assim Pela Montanha nunca tive grande interesse. Gosto muito de
ralis e de velocidade, mas por uma questão de tempo disponível e menor risco
optei pela velocidade. Tudo nos circuitos se passa de uma forma muito mais
controlada.”. Sobre ainda a época de
2020, André Castro Pinheiro acrescentou” Começou
com a desistência na primeira prova no Algarve, em Julho, com problemas na
caixa de velocidades; desisti logo no arranque da primeira corrida e não
deu para arranjar a caixa para a segunda corrida. Depois em Braga, em
Setembro, venci a minha primeira corrida à Geral e fiquei em 3º da Geral
na segunda corrida, primeiro da Classe H81-Max. Nos 250Km do Estoril corri
com o Francisco Sande e Castro e voltamos a desistir com uma correia
partida, quando íamos em 2.º da Geral mas já perto do final.
Como tínhamos um avanço grande para os 2.º classificados da Classe H81-Max
e eles acabaram por também ter problemas, conseguimos, mesmo assim, ganhar a
Classe H81-Max e eu passar para 1º do Troféu. A prova de Jerez de la Frontera
foi adiada para meados de Dezembro e não pude participar, perdendo o 1.º
lugar do Troféu para os irmãos Fresco e o seu Ford Capri V6” Sobre o calendário
desta época de 2021, deu a sua opinião “Gosto muito que inclua Jarama e
Jerez de la Frontera, dois circuitos icónicos, exigentes, rápidos e que nos dão
imenso prazer de condução. Tenho pena de não irmos a Braga, não pelo circuito
em si que é o menos interessante, mas por sentir sempre que estou a correr em
casa.”
Antes de entrar para o carro respeita algum
ritual, o que depois de reflectir um pouco disse-nos “Não sou nada
supersticioso, mas faço sempre tudo primeiro pela direita… a começar pelo
vestir e calçar de todo o equipamento até à entrada no carro. No Jaguar sou
‘obrigado’ a entrar com a perna direita, mas na altura do Fórmula já o fazia
sempre. E é engraçado porque não me preocupo com isso, é de uma forma
instintiva mas nunca falha.” E o que
lhe vai na alma nos minutos que antecedem a entrada em pista e a largada para
mais uma corrida , o que depois de pensar um pouco exclamou “A partir de 1 hora antes
da corrida, desligo-me do mundo exterior e começo a rever mentalmente o
circuito, as curvas, as trajectórias e a forma como conduzi nos treinos. Quando
já estou sentado no carro, com os cintos apertados e ligo o motor, fico
completamente focado e nem me lembro do que me ‘vai na alma’...”Sobre o trabalho que a FPAK tem feito sobre a
liderança de Ni Amorim quisemos saber a sua opinião, “Não tenho opinião.
Encaro as corridas como um hobby e um escape da vida profissional. Desde que
tenha condições para correr em eventos bem organizados, seguros, com regras bem
definidas, carros interessantes e bom ambiente, está tudo bem! Costumo dizer
que no dia em que tiver de me ‘chatear’ com políticas ou politiquices que
prejudiquem este espírito, troco o XJS V12 por um Jaguar de estrada e começo a
fazer passeios de clássicos. Que, por acaso, até já faço alguns e são bem
interessantes!”
Voltando
a falar do seu carro ,neste caso do Jaguar XJS, já alguma vez chegou aos limites do
mesmo? Nessa altura é fácil de ir buscar o mesmo? E sustos? “
bem é assim Com 300cv, mais de 1.500Kg e tracção traseira, o difícil é não
chegar aos limites. Mas, curiosamente, o Jaguar não é muito difícil de ‘ir
buscar’ e até o sinto muito previsível nos limites. Talvez devido à escola da
Formula Ford e também ao excelente trabalho que a DBE Engineering fez na
afinação da suspensão. O maior susto foi o ano passado no Qualifying de Braga,
onde perdi a traseira na travagem do final da recta e entrei pela relva dentro
aos piões, estava a ver que só parava na pista do Aeródromo...”
Fale-nos
da sua equipa. Quem é o preparador e os mecânicos que assistem o seu carro, “O
carro foi todo restaurado e construído na PERES Competições, com recurso a
alguns especialistas externos na parte do motor, carroçaria e suspensão. O
Mestre foi o Sr. Luís Dias e o mecânico responsável é o Filipe Romero, que
conhece tudo do Jaguar XJS V12, foi responsável por toda a construção e
acompanha-me em todas as corridas.”
Como
é que chegou às corridas ? Fale-nos um pouco de forma resumida como
começou e quais os passos que deu até aos dias de hoje, “Desde miúdo que sou
um apaixonado por carros e corridas e tinha vontade de correr, mas não tinha
apoio em casa. Em 2015, com 42 anos, decidi então que era altura e comecei à
procura da melhor forma de começar a competir. Não foi muito fácil, pois sou
normalmente exigente com o que faço e, por isso, tinha uns padrões um bocado
elevados para o carro e campeonato. Nessa altura, o apoio e aconselhamento do
Fernando Peres foram cruciais e é ele o grande responsável pela forma como as
coisas correram bem. E a quem muito agradeço.
Há
uma história engraçada: foi o Fernando Peres quem, na altura em 2015, me
convenceu a ir experimentar o Fórmula Ford a Braga, pois achava que era uma boa
maneira de começar a correr, mas sem eu estar nada convencido disso! Então lá
fui experimentar o FF e, claro, saí de lá entusiasmadíssimo com a condução e
adrenalina do Fórmula, mas a achar que era muito perigoso e que não tinha
‘unhas’ para aquilo, ou seja, não era opção e lá teria de continuar a procurar
uma alternativa. Mas passado um ano sem encontrar alternativa que me
satisfizesse, e continuando a ser influenciado pelo Fernando, lá decidi fazer o
SSS de Fórmula Ford. E não é que correu bem e fiquei por lá 3 anos…A passagem
para o Group1 com o Jaguar foi consequência de eu querer continuar a correr com
um carro de tracção traseira, que não sendo um Fórmula teria de ser um carro
potente, para manter o mesmo gozo de condução. Mas teria de o fazer num
ambiente com o qual me identificasse - e por esses padrões, os Trofeus do Diogo
Ferrão e da Race Ready são uma referência - e num carro do qual eu gostasse.
Desde que me conheço que tenho uma paixão por carros ingleses, nomeadamente
Jaguar e Aston Martin, o que justificou a escolha do Jaguar XJS V12. O projecto
passou pelo restauro integral do carro, por manter a sua personalidade (o
tablier mantém-se em pele e com madeira) e torná-lo competitivo dentro das
regras de Grupo 1. A condução é um gosto enorme, os fim de semana de corridas
são muito bem passados e as vitórias a cereja no topo do bolo.”
Diga-nos quem são os seus patrocinadores,
indicando os seus nomes, o que fazem e os emails de contacto
KAESER
COMPRESSORES - líder mundial de sistemas de Ar Comprimido; https://pt.kaeser.com;
AUTO
SUECO AUTOMOVEIS - concessionário Jaguar/Land Rover; https://autosueco.jaguarportugal.pt; jaguarlandrover@autosueco.pt
FUCHS
Lubrificantes - maior fabricante independente de Lubrificantes no Mundo; https://www.fuchs.com/pt/pt/;
FIAAL
- concessionário Jaguar/Land Rover no Algarve; https://fiaal.jaguarportugal.pt; jlr@fiaal.pt, para a prova do Algarve.
Para 2021 há perspetivas de aumentar o numero
de patrocinadores, dizendo logo “Gostaria de manter os actuais - a KAESER
apoia-me desde o início do projecto, a FUCHS é parceiro técnico e existe uma
relação para além deste projecto e, quanto à Jaguar, é muito interessante
correr com o apoio oficial da marca. Para 2021, talvez consiga encaixar mais um
patrocinador de uma área totalmente distinta, que se enquadra bem no projecto.”
Acha que a actual divulgação do nosso automobilismo em Portugal em termos
de TV melhorou? Qual a sua opinião, e na sua opinião quais as principais
falhas, e o que sugere para colmatar essas mesmas falhas, que depois de
reflectir um pouco disse logo “Penso que continua a não haver grande
interesse por parte dos canais televisivos, apesar de eu achar que existe um
grande e largo interesse por automóveis e competição em Portugal. Em termos de
quantidade de novos programas melhorou, já a qualidade não, pois não se investe
em meios para que se faça uma recolha de imagens com qualidade e interesse,
para além de também não haver grande conhecimento editorial.”
Qual a sua opinião, acha que as medidas de
segurança para os pilotos existentes nas pistas , são suficientes ?E em termos
de segurança pessoal sente-se seguro com o seu equipamento ?Acha que é
necessário mais? “Estou confortável com o que existe, pois somos obrigados a
cumprir os regulamentos de segurança da FIA, tanto no carro como no equipamento
individual. Como corro só em circuitos, existe um ambiente de segurança
controlado e quero acreditar que todos os dispositivos de socorro são os
adequados, espero nunca ter de o comprovar! “A nossa conversa já ia longa e
para terminar questionamos André Castro Pinheiro, que evoluções estão
previstas para a época de 2021, que em jeito de despedida, afirmou-nos “ Fiz
uma evolução grande, de 2019 para 2020, no estudo e desenvolvimento da
suspensão pela DBE Engineering com excelentes resultados. Também corrigimos
alguns detalhes e problemas que surgiram na primeira época. Para 2021, estamos
bem afinados e não prevemos fazer nenhuma evolução.”
ENTREVISTA
DE JOÃO RAPOSO - www.velocidadeonline.com
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João Raposo
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