HOJE CONVERSAMOS COM CÂNDIDO MONTEIRO
Ausente das pistas e das provas de Montanha há quase duas
épocas, quando menos se contava Cândido Monteiro inscreve-se para a derradeira
prova do Campeonato Portugal de Clássicos, que teve lugar e meados de Dezembro
passado, onde mostrou a tudo e a todos que há que contar com ele, e que não
foram quase 24 meses que lhe fizeram perder o ritmo, mas se o perdeu a verdade
é que logo o recuperou. Por isso, a primeira
questão que lhe colocamos foi, para nos fazer um balanço da época que logo nos
disse “2020 foi marcado por campeonatos
constantemente alterados, calendários adaptados e dificuldades em se planear
uma época desportiva. Os pilotos dos campeonatos nacionais são na generalidade
amadores e como tal necessitam de articular as provas desportivas com as suas
profissões e compromissos profissionais. No meu caso consegui marcar presença
no Campeonato Nacional de Velocidade Clássicos 1300 mas apenas na prova do
Estoril. Muito aquém do que pretendia.” A
opção por provas de velocidade em detrimento de provas de Montanha ou ralis tem
uma razão que logo nos explicou “ Sinceramente gostaria de experimentar
diferentes modalidades. Já participei em 3 anos no Nacional de Montanha e há 2
anos que tenho participado no Nacional de Velocidade. Qualquer dia pode ser que
seja os ralis! Eheheh! Na Montanha estava a faltar adversários directos e
entendi que podia experimentar a Velocidade e ao mesmo tempo ter mais
concorrência. No entanto estes anos tem faltado também pilotos na Velocidade.
Mas devo manter-me pois está a ajudar-me a fazer umas evoluções no carro.”
Na descrição da prova em que
participou disse-nos “ Conforme disse, apenas participei no Estoril, a
última prova da época. Na verdade correu bem, deu para "rolar" e
continuar a melhorar. Em todas as provas podemos retirar algo de novo, alguma
aprendizagem. E o Estoril serviu para isso e ainda para testar umas melhorias
feitas no carro ao nível de suspensão.” Sobre o novo calendário para este
ano não deixou de dar a sua opinião dizendo “ Penso que o calendário deveria
ter sido empurrado mais para o 2º semestre do ano e é pena não haver uma prova
internacional (por exemplo Jarama) como
se chegou a falar. Tendo em conta a situação pandémica, talvez fosse prudente
este ano haver quatro provas em vez de cinco
e garantir-se que nessas quatro havia
uma participação bem assídua.”
Antes de
entrar para o carro respeita algum ritual, o que depois de pensar um pouco
disse-nos “ Nenhum em especial. Respiro fundo para libertar tensões e tento
concentrar-me.” E o que
lhe vai na alma nos minutos que antecedem a entrada em pista e a largada para
mais uma corrida, o que lo replicou “ Nesses momentos tento lembrar-me de
algum pormenor que me permita ganhar vantagem (uma abordagem a uma curva, um
ponto de travagem, uma zona de melhor ultrapassagem, etc)”
O que acha da política da FPAK, com os
desígnios de Ni Amorim ? Acha que tem sido feito um bom trabalho ? Quais as
criticas a fazer a esse mesmo trabalho? “ Acho que no geral tem feito um bom
trabalho. Os anos de 2020 e 2021 serão penalizadores devido ao Covid-19 mas há
trabalho que foi feito. Penso que o modelo de Open de Velocidade deveria ser
mantido. Penso que também deviam ser fomentados troféus monomarcas de baixo
custo para se tentar atrair mais pilotos.” Voltando a falar do seu carro,
já alguma vez chegou aos limites do mesmo? Nessa altura é fácil de ir
buscar o mesmo? E sustos? “ o Datsun é um carro fácil de levar aos
limites. Não estamos a falar de carros com 300cv mas sim de 110 a 140cv. É
muito bom de se guiar perto do limite mas claro que por vezes há alguns sustos.
Já tive um toque no Caramulo, já fiquei sem travões em Braga e já fiz alguns
piões por falta de borracha.” Fale-nos da sua equipa. Quem é o preparador e
os mecânicos que assistem o seu carro Quem me prepara o carro é o Nuno
Afoito. Tem sido ele desde que me iniciei e já tem um conhecimento bom dos meus
carros e do caminho traçado para as evoluções.”
Como é
que chegou às corridas ? Fale-nos um pouco de forma resumida como começou
e quais os passos que deu até aos dias de hoje, “o gosto existe desde muito
novo. O meu pai levava-me (talvez desde os 4 ou 5 anos) a ver ralis, perícias,
rampas, motocross, concentrações de clássicos, etc.. Adorava ir com ele e
quando chegava a casa, ficava com aquela adrenalina e barulho na cabeça durante
algum tempo. Enfim, é um gosto que vai crescendo desde pequeno e que culminou
com a compra de um Datsun em 2014 e a primeira participação em 2015. Foi uma
felicidade enorme e continua a ser em cada corrida que faço!” Porque a
preferência por velocidade – montanha – rali – outros “Gosto das várias
modalidades. A Montanha tinha custos mais controlados e permite que nos vamos
conhecendo bem a nós e à viatura, embora também tenha o factor risco acentuado
porque corremos entre rails. Não há quase espaço para uma falha. A Velocidade
permite disputas directas com outros pilotos, faz-nos comparar mais
directamente os estilos de condução e também proporciona uma maior correcção da
condução/trajectórias e conhecimento dos limites nossos/carro (mais tempo em
pista, mais repetição). Ralis nunca fiz mas há o desafio de confiar as
notas de um co-piloto, há o entusiasmo da falta de tracção nos pisos de terra e
ainda dos traçados sempre diferentes.”
Diga-nos quem são os seus patrocinadores,
indicando os seus nomes, o que fazem , “Este ano e no ano passado tive a
especial parceria da COLORONDA (http://www.coloronda.com)
e IFH a quem agradeço desde já a confiança e apoio, principalmente tendo em
conta a situação pandémica que vivemos. Também conto com o apoio do Grupo
Casais e noutras épocas contei com a contribuição de diversas empresas e amigos
que fizeram questão de me ajudar e contribuir para que eu pudesse correr.” Para 2021 há perspetivas de aumentar o
numero de patrocinadores? “ sinceramente gostaria mas é mais um ano de
incertezas e dificuldades. Por isso acho que vai ser também uma época
penalizada por falta de pilotos. Ainda assim estou aberto para novos
interessados e gostaria de promover mais apoiantes, claro. “Acha que a
actual divulgação do nosso automobilismo em Portugal em termos de TV melhorou?
Qual a sua opinião, e na sua opinião quais as principais falhas, e o que sugere
para colmatar essas mesmas falhas “ Penso que melhorou. Já vemos reportagens
em diversos canais e já sou surpreendido por amigos ou entusiastas que me ligam
e dizem ter estado a ver o resumo da prova X. Por outro lado, acho que nos
canais generalistas falta divulgação. Houve programas fantásticos no passado
que tinham audiência e que simplesmente terminaram. Os 3 canais principais em
Portugal optam por passar o fim de semana inteiro a dar música pimba (sem
querer menosprezar a nossa música popular) e não trazem nada de informativo,
cultural nem bom cinema aos portugueses.”
Qual a sua opinião, acha que as medidas de segurança para os pilotos
existentes nas pistas , montanha rali são suficientes ?E em termos de
segurança pessoal sente-se seguro com o seu equipamento ?Acha que é necessário
mais? “Em termos pessoais penso que me sinto seguro. A evolução do Hans foi
positiva apesar de tudo e tem havido preocupação em evoluir os equipamentos dos
pilotos. As exigências em termos de equipamento da viatura também penso
trazerem cada vez mais segurança. Em relação às provas, penso que ao nível dos
circuitos a segurança é mais facilmente assegurada, porque estamos dentro de um
espaço confinado e controlado. Na Montanha acho que a evolução tem sido crescente
e hoje em dia é difícil encontrarmos falta de protecções ou rails reforçados
nas zonas mais perigosas. Os ralis tem muito que se lhe diga. As árvores
continuam ali ao lado, as ravinas, os rochedos, os muros.. enfim, há mais a
fazer mas assumo que seja mais difícil.”
Que evoluções tem previstas para a ´época de 2021 no seu carro? “Espero
este ano ter a grande evolução ao nível da potência. Vamos fazer um motor
entretanto, mas nada como aguardar para ver. Eventualmente poderá condicionar a
minha participação já nas primeiras provas, mas estou entusiasmado.”
Entrevista de João Raposo
– www.velocidadeonline.com
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João Raposo
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