São mais duras as etapas de montanha da Volta à Itália ou o Dakar?
Desabafos dos pilotos da Franco Sport no final da primeira semana do Dakar 2025
Hoje é o dia do merecido descanso dos concorrentes ainda em prova na edição 2025 do Dakar. Para Mário Franco, “esta primeira semana foi, sem dúvida, a mais difícil e dura de todas em que já participei”. Já o colega de equipa, Pedro Gonçalves, confessa, a sorrir: “Se soubesse o que sei hoje, se calhar não estaria aqui. Ainda este ano participei nas etapas de montanha da Volta à Itália e já vivi outras experiências bem difíceis, mas nada se equipara ao que vivi nesta primeira semana do Dakar. Uma incrível prova de superação física e mental! Pensava que estava preparado, mas nada nos prepara para aquilo que é verdadeiramente o Dakar”. Desabafos dos dois pilotos da portuguesa Franco Sport, uma das poucas equipas que ainda não conheceu o sabor da desistência no Dakar 2025.
“Dos 201 carros que começaram o Dakar, bem mais de metade já foram para casa ou só continuam em modo Dakar Experience. Por isso, só posso estar satisfeito e orgulhoso, por chegar ao final da primeira semana e pelo extraordinário trabalho que a Franco Sport está a fazer. Quantas equipas é que se podem orgulhar de ainda terem todos os carros em prova?”, questiona Mário Franco, o piloto do X-Raid YXZ 1000R com o número 307 e o também responsável da Franco Sport. Uma das poucas estruturas portuguesas com lugar nas zonas reservadas às assistências nos bivouacs.
“Os primeiros dias não foram fáceis. Sofremos pequenos problemas que se traduziram em muitas horas perdidas na pista. Este é o terceiro Dakar que faço e esta primeira semana foi, sem dúvida, a mais difícil e dura. Basicamente, limitámo-nos a sobreviver, tendo em conta o estado em que encontrámos as pistas, depois da passagem dos primeiros carros e camiões. Nos dois últimos dias já houve momentos em que também me diverti e acredito que as etapas dos próximos dias vão ser mais ao meu estilo. Estou surpreendido com a evolução que os carros sofreram em apenas um ano. O nosso é o do ano passado, bem mais estreito e menos comprido do que os da última geração e isso faz toda a diferença no seu comportamento dinâmico. Mas estamos mais determinados do que nunca em levar de vencida os desafios das próximas etapas”, confessa Mário Franco.
Depois de terem começado o Dakar na última posição, os primos Mário e Rui Franco já rodam entre os 15 mais rápidos e, na etapa de ontem (quinta-feira), ficaram mesmo a um passo do top10. A dupla parte, amanhã, na 25ª posição da classificação geral, entre os protótipos SSV da categoria Challenger.
Até há pouco mais de um ano, o ciclismo, o atletismo, o snowboard e o kitesurf eram as modalidades de eleição de Pedro Gonçalves. “Acompanhava o automobilismo, mas foi só na Baja Portalegre 500 de 2023 que, num desafio entre amigos, fiz a minha primeira prova oficial de automóveis. Percebi aí que o todo-o-terreno combinava as minhas paixões e que era uma modalidade em que poderia evoluir. Quando o Mário Franco me desafiou a fazer o Dakar, achei que poderia ser uma loucura, estaria a apontar alto de mais, mas por outro lado, seria um desafio de superação. Mas se soubesse o que sei hoje, depois de uma semana de prova, se calhar não estaria aqui”, confessa, a sorrir.
“Claro que estava à espera que fosse muito duro, mas nada como isto. Pelo esforço físico e pelos problemas que passamos. Só nesta primeira semana estivemos várias vezes à porta da desistência, e acabamos por ressuscitar umas cinco vezes. Depois do que passámos no segundo dia da etapa de 48 horas, eu diria que nos sentimos moralmente invencíveis. Por problemas na embraiagem, sofremos com enormes atascanços nas dunas, um deles precisamente na última duna da etapa, já sem pranchas e com a saída do deserto à vista. Mais tarde perdemos a transmissão dianteira e ficámos várias vezes atascados no fesh-fesh. Na última vez, fomos salvos por uns locais que apareceram do nada quando já pensávamos no pior. Foi um dia marcante, que certamente não vamos esquecer. Já tinha enfrentado desafios bem duros noutros desportos, mas nada como isto. Ainda este ano participei nas etapas de montanha da Volta à Itália e já vivi outras experiências bem difíceis, mas nada se equipara ao que vivi nesta primeira semana do Dakar. Uma incrível prova de superação física e mental! Pensava que estava preparado, mas nada nos prepara para aquilo que é verdadeiramente o Dakar. Não estou arrependido – antes pelo contrário! – de ter vindo e admito o orgulho em estar ainda em prova. Estou a cumprir com a missão, graças ao Hugo (ndr: o navegador, Hugo Magalhães), um companheiro inexcedível e que tem feito um trabalho incrível e aos mecânicos que têm sido incansáveis. Agora, vamos partir com o mesmo espírito para a segunda semana”.
A dupla Pedro Gonçalves/Hugo Magalhães terminou a primeira semana do Dakar no 30º lugar da classificação geral, da categoria Challenger.
A etapa de amanhã
As etapas que compõem a segunda semana do Dakar 2025 vão ser muito mais longas do que as da primeira. A de amanhã, com 829 quilómetros de extensão, 606 dos quais cronometrados, vai estabelecer o registo, com um percurso composto por duas partes marcadamente contrastantes. A primeira é bastante rápida e talvez mais fácil de superar. A segunda vai ter várias e diferentes armadilhas arenosas.
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João Raposo
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