HOJE CONVERSAMOS
COM MÁRIO CASTRO – PILOTO E NAVEGADOR NOS RALIS
Mário Castro é um dos multi facetados pilotos portugueses,
pois tanto é piloto como navegador, mas hoje falamos com o piloto, pois o navegador será para outra
entrevista . Recorde-se que Mário Castro tem participado em alguns ralis com o
seu Ford Fiesta, e assim quisemos saber como foi a época passada, o que logo
respondeu “ A minha época, como de quase todos
foi um pouco atípica, porque infelizmente não consegui fazer um programa muito
preenchido como estava inicialmente previsto. Apenas consegui participar em
dois ralis (Mesão Frio e Montelongo), mas o facto de ter participado num rali
do ERC (Montelongo) foi de facto um ponto alto da minha carreira. Os resultados
não foram os desejados mas ainda assim não deixo de estar satisfeito porque
conseguimos um bom andamento e em Fafe, por exemplo, estávamos a fazer um
grande rali que apenas foi ofuscado por um furo que nos fez perder várias
posições numa altura que estávamos na luta pelo 4º lugar entre os concorrentes
ao ERC3.” A opção pelos ralis tem uma
razão forte que logo explicou “Sempre gostei de tudo o que diz respeito a
corridas de carros, mas não há dúvida de que os ralis sempre foram a minha
grande paixão. Todos são desafiantes mas acho que os ralis acabam por ser ainda
mais. Temos de ter muita velocidade, mas temos também de ter uma grande
capacidade de gestão. Estamos a lutar contra o cronometro, não sabemos como
estão a comportar-se os nossos adversários, estamos sempre a ser surpreendidos
pelas condições da estrada, etc… é sem duvida muito motivador conduzir um carro
de ralis e daí a minha paixão. È claro que o facto de ter nascido em Fafe (uma
terra com larga história nos ralis) também pesou na minha escolha.” Perante
estas respostas pedimos ao piloto que nos fizesse um resumo prova a prova “ Como disse antes o rali
Montelongo foi uma experiencia espectacular. Um rali na minha terra, junto com
os melhores pilotos da Europa, com condições meteorológicas desafiantes foi uma
experiencia inesquecível para mim. Quanto ao rali de Mesão Frio conseguimos um
lugar no top 10 mas não fosse uns ligeiros problemas com o corte da caixa,
poderíamos ter ficado melhor uma ou duas posições.” Sobre o novo calendário
de 2021 disse-nos “ Na altura que
escrevo infelizmente não posso achar nada porque não há sequer um calendário,
por isso estou expectante para saber o que aí vem. “
Antes de entrar para
o carro respeita algum ritual?” Não tenho um
ritual. Apenas faz parte um pequeno momento de concentração onde tento
visualizar partes das classificativas e abstrair-me de todo o resto
concentrar-me apenas e só na classificativa.” O que lhe vai na alma
nos minutos que antecedem a entrada em pista e a largada para mais uma corrida
?”Nada de especial. Sou uma pessoa muito calma
nos momentos que antecedem a partida para uma classificativa e mesmo durante a
mesma. Como disse tento apenas focar-me no que terei pela frente e dar o meu
melhor ao longo de um troço.”
O que acha da politica da FPAK, com os desígnios de Ni
Amorim ? Acha que tem sido feito um bom trabalho ? Quais as criticas a fazer a
esse mesmo trabalho? “Falar sobre os outros, e
neste caso da federação é muito fácil para quem está de fora. É facílimo dizer
que tudo está mal, mas é muito difícil dizer como se faz melhor, mas atenção,
vendo todos os pontos de vista. Não podemos estar a dar opiniões a pensar
apenas em nós porque a federação tem de tomar decisões a pensar em todos,
pilotos, equipas, clubes, etc…Como é óbvio e natural há algumas coisas que não
concordo no que respeita a decisões da federação mas tenho que admitir que no
computo geral estou a gostar do trabalho que tem sido feito até ao momento. Não
quero alongar-me muito mais neste assunto pois haveria muita coisa a falar mas
quero essencialmente deixar a ideia de que no geral tenho gostado do trabalho do
Ni Amorim e da sua equipa.
Voltando a falar do seu carro, já alguma vez chegou aos
limites do mesmo? Nessa altura é fácil de ir buscar o mesmo? E
sustos?” Não,
não cheguei ao limite do carro. É óbvio que já tinha ralis que andei muito
perto disso, mas é sempre difícil para nós dizer-mos que chegamos a um limite
de um carro pois o limite do carro está relacionado também com o nosso limite.
O carro que tenho dá para andar mais mas atendendo à minha experiencia acho que
poderei tirar um pouco mais dele e tenho a certeza que conseguirei fazê-lo.
Estava convencido que isso aconteceria em 2020 mas como fiz apenas dois ralis e
sob situações novas para mim, ainda não foi possível. Talvez em 2021, logo
veremos. “Fale-nos da sua equipa.
Quem é o preparador e os mecânicos que assistem o seu carro “A minha equipa é muito simples mas muito profissional.
Tenho o cuidado de ter tudo o mais organizado possível e essencialmente de me
“rodear” por pessoas de grande confiança sejam mecânicos ou navegador. O meu
preparador é a Auto Docim sediada em Fafe. Tenho uma equipa constituída por
cinco pessoas. Três mecânicos, eu e o meu navegador o que acho mais que
suficiente para ter um grande serviço antes e durante os ralis.”
Como é que chegou às corridas ? Fale-nos um pouco de
forma resumida como começou e quais os passos que deu até aos dias de hoje.” Como todos sabem,
a minha principal função nos ralis é a de navegador e não de piloto. Como
navegador sou profissional, mas como piloto faço-o de uma forma amadora mas da
forma mais profissional possível. Tudo começou há muitos anos atrás, em 1994, e
daí para a frente tenho tido uma carreira da qual me orgulho muito. O facto de
viver numa cidade que respira ralis foi de extrema importância para o meu gosto
pela modalidade. Sempre dei o meu melhor ao longo destes anos e enquanto andar
nas corridas continuarei a fazê-lo.” Diga-nos
quem são os seus patrocinadores, indicando os seus nomes, o que fazem “Neste momento não estou em condições de anunciar os meus
patrocinadores pois ainda estou numa fase de angariação dos mesmos. Posso dizer
que nesta altura está praticamente garantido que já tenho garantido um
orçamento para 6 ralis do regional norte, mas prefiro anunciar os mesmos quando
tiver tudo alinhavado a 100%.” Para 2021 há perspetivas de aumentar
o numero de patrocinadores” Está a ser muito difícil encontrar novos patrocinadores
mas felizmente já o consegui e espero ainda conseguir algo mais. Não será fácil
mas estamos a fazer tudo por tudo para o conseguir pois necessito para poder
criar ainda melhores condições para a equipa.”
Acha que a actual divulgação do nosso automobilismo em
Portugal em termos de TV melhorou? Qual a sua opinião, e na sua opinião quais
as principais falhas, e o que sugere para colmatar essas mesmas falhas” Contrariamente
ao que a maior dos pilotos deva pensar, eu acho que a divulgação dos ralis está
melhor em todos os aspectos, inclusive na TV. Se podemos e devemos fazer
melhor, claro que sim. Mas há uma coisa muito importante que temos de ter em
atenção. Os pilotos têm a mania de esperar que sejam os outros a fazer o
trabalho por eles, mas isso está completamente errado do meu ponto de vista. Eu
tento fazer um trabalho digno com várias acções de maneira a promover o melhor
possível os meus patrocinadores. Muitos pilotos só se interessam em ir a uma
empresa pedir um patrocínio e depois voltar lá no ano seguinte pedir mais mas
isso é completamente errado. Temos de trabalhar muito para o merecer e depois o
que acontece é que temos pilotos muito inconformados por o piloto A ou B (até
sem grandes resultados) aparecer mais na comunicação social do que aqueles que
vencem. Mas isto é mesmo assim. Muito mais importante que os resultados, é todo
um trabalho que se faz de bastidores. Se poderemos juntar a esse trabalho, os
resultados tanto melhor.” Qual a
sua opinião, acha que as medidas de segurança para os pilotos existentes nas
pistas , montanha rali são suficientes ?E em termos de segurança pessoal
sente-se seguro com o seu equipamento ?Acha que é necessário mais, o que logo
nos disse “As medidas de segurança nunca são
suficientes porque infelizmente vimos todos os anos acontecerem acidentes em
que acontecem lesões com pilotos, navegadores ou até mesmo publico mas
sinceramente acho que já atingimos um patamar de segurança muito bom. Temos de
ter a noção de que este é um desporto de risco. Podemos fazer algo para
incrementar mais segurança?... podemos. As organizações deverão ter mais
cuidado com a sinalização e protecção de zonas mais perigosas, evitar troços á
noite em que haja muita ribanceiras pois se é muito difícil resgatar os piloto
durante o dia, de noite torna-se quase impossível em alguns troços, etc, etc,… “
Que evoluções tem
previstas para a ´época de 2021 no seu carro?”
Para 2021 não tenho prevista qualquer
evolução para o Fiesta até porque este carro não tem muito mais por onde evoluir.
Não está posta de parte a evolução para um carro mais competitivo mas se
continuar com o carro actual, certamente não haverá qualquer evolução. A única
evolução que espero venha a acontecer, deverá ser a minha em termos de
condução.”
Entrevista de João Raposo – www.velocidadeonline.com
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João Raposo
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